“As teorias da aprendizagem e as novas tendências na educação para o trabalho: reflexões para a formação profissional do agente público”. Este foi o tema do primeiro módulo de debates apresentado ontem (17) pela professora Olgamir Francisco Carvalho, durante o 2º Encontro Técnico do Sistema Integrado de Formação de Magistrados do Trabalho, promovido pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat).
O Encontro, que se estende até amanhã (19), destina-se aos integrantes da área acadêmica das Escolas Judiciais, responsáveis pelo projeto e pela coordenação de cursos na qualificação dos magistrados do trabalho. As atividades são coordenadas pelo juiz Giovanni Olsson, assessor da direção da ENAMAT.
A professora Olgamir é Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa de Educação e Trabalho da Universidade de Brasília – UnB, e possui grande experiência na área de educação para o trabalho, especialmente de agentes públicos. Segundo ela, a educação enfrenta grandes desafios na sociedade contemporânea, e a educação para o trabalho está inserida nessa nova problemática.
A educadora destacou que as características da educação para o trabalho passam por grandes alterações no momento atual. Primeiro, existe um aumento substancial na produção de conhecimentos, dispersos em inúmeros canais e espaços, que devem ser geridos e compartilhados. Além disso, a educação atual retrata a agregação de alto valor comercial à produção científica e tecnológica, o que está relacionado com a livre circulação de ideias e de produtos de rápida absorção. A educação também está voltada para a resolução de problemas concretos e reais (no nível local e regional, por exemplo), sendo essencial que o aluno veja a relação direta da atividade na Escola com a sua atividade profissional cotidiana.
A responsabilidade social dos produtores de ciência e tecnologia é outro ponto essencial, segundo a professora, porque “a sociedade deve ser o foco, a inspiração e o objeto de trabalho”, e a educação para o trabalho precisa estar voltada para esse contexto. A educadora aponta que a transdisciplinariedade é a abordagem essencial, porque o estudo do Direito completa-se com os conhecimentos de outros ramos, como Psicologia, Economia e Sociologia, por exemplo.
A professora salientou, ainda, o caráter de instrumentação do ensino, considerando sempre que os recursos tecnológicos devem ser base de mais ciência e mais tecnologia porque resolver os problemas e fazer pesquisa apontam para novos problemas e novas soluções, fechando o ciclo.
A formação técnico-científica, portanto, rompe com o ensino tradicional pela natureza das transformações que ocorrem no aluno-juiz. Ele desenvolve conceitos como ser competente para a função, estar motivado, ser reconhecido socialmente, ser criativo, ser implicado na contribuição consciente para o seu ambiente e realizar-se pessoalmente, do ponto de vista do desenvolvimento integral de suas potencialidades.
A professora destacou que unir a teoria e a prática é essencial nesse novo modelo de educação para o trabalho. Segundo ela, “o aluno não é aquele destituído do conhecimento, mas o que possui conhecimento pela experiência, o saber tácito, o que é uma reinvenção das relações educativas”.
Os outros temas do Encontro são: papel das redes sociais como ferramentas de formação; técnicas pedagógicas complexas na formação do Juiz e experiências compartilhadas em Formação Inicial e Continuada.
Cláudia Valente