A Webconferência “Contemporaneidade e saúde mental”, com a psicóloga Regina Heloisa Mattei de Oliveira Maciel, marcou uma das ações da Justiça do Trabalho na campanha Setembro Amarelo.
Com o propósito de contribuir para a campanha nacional de prevenção ao suicídio (Setembro Amarelo), a Justiça do Trabalho, através do Programa Trabalho Seguro, promoveu, nesta terça-feira (12), a webconferência “Contemporaneidade e saúde mental”. O evento contou com a palestra da psicóloga Regina Heloisa Mattei de Oliveira Maciel que abordou, entre outros temas, como a melhoria nas relações de trabalho é fundamental para a diminuição do adoecimento mental.
Abordagem histórica
A especialista fez uma abordagem sobre a organização do trabalho ao longo da história, trazendo para os dias atuais questões que envolvem o trabalho informal, a pejotização, o trabalho plataformizado e os aspectos da saúde mental neste contexto contemporâneo. Segundo Regina Heloisa, as consequências dessas relações de emprego têm gerado uma deterioração das relações interpessoais no trabalho.
“Neste contexto, o trabalhador se vê diante do medo de perder o emprego, existe um aumento de submissão, tanto dos trabalhadores formais e informais, levando-os a aceitar condições de trabalho nem sempre favoráveis para a sua saúde mental”, explica. “Isso leva a um aumento considerável do estresse, dos transtornos mentais e das doenças ocupacionais ocasionando um aumento significativo de afastamento do trabalho”, completou.
Século do cansaço
“Estamos vivendo no século do cansaço”. Com base nesta afirmação, a psicóloga comentou que este cansaço é fruto de um estresse relacionado ao trabalho, podendo ser positivo ou negativo. Segundo ela, o estresse positivo é aquele necessário para seguirmos em nosso dia a dia, para nos mantermos ativos. O alerta é quando este sentimento vai além da capacidade do indivíduo.
“Quando este estresse gera um acúmulo, que não permite ao indivíduo se recuperar, isso o leva a um estado de adoecimento, seja na vida pessoal ou no trabalho”, ressalta . “Este estado emocional não está ligado somente à situação individual. Envolve também a organização do trabalho e, por isso, a melhoria nas relações de trabalho é fundamental para que as pessoas adoeçam menos, tanto física quanto mentalmente”, resumiu.
Desemprego e adoecimento mental
Outro aspecto importante mencionado pela psicóloga é que a falta do trabalho também pode levar a um estado de adoecimento. “ Ao contrário da Síndrome de Burnout, ocasionado pelo excesso da carga de trabalho, pessoas desempregadas, que estão em busca de uma colocação no mercado e que não alcançam um resultado satisfatório, também são levados a um estado de depressão e suicido. Isto tem se revelado o grande problema da atualidade”, concluiu.
Saúde mental coletiva
O coordenador nacional do Programa Trabalho Seguro, ministro Alberto Bastos Balazeiro, também participou do evento e ressaltou que uma das maiores dificuldades que se tem é em compreender a questão da saúde mental no coletivo, pois a tendência é visualizar a questão como um assunto individual.
“Sabemos que não funciona assim, pois a maior proteção que nós podemos ter é exatamente a forma de organização do trabalho”, explicou. Ele destacou ainda que o trabalho não pode ser fonte de adoecimento. “Visualizamos o trabalho como meio de vida e como tal, antes de termos empregados e empregadores, temos seres humanos. Ao trazermos este tema tão relevante para o debate, estamos dando voz ao mais urgente que é a preservação da vida”, completou.
Parceria
O evento teve o apoio institucional da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (ENAMAT).
(Andrea Magalhães/AJ)