Tema estimula reflexão sobre a geração ou a extinção de empregos
Os professores Márcio Pochmann e Eduardo Moreira participaram nessa quarta-feira (11) de painel no 25º Curso Nacional de Formação Inicial (CNFI), promovido pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat). Os temas em discussão foram os impactos causados pela tecnologia no mercado de trabalho mundial.
Disputa desigual
Eduardo Moreira chamou a atenção para o fato de que as relações de trabalho estão se transformando em uma velocidade muito mais rápida do que as leis podem acompanhar. Para ele, as máquinas viraram trabalhadores em potencial, e o avanço tecnológico veio ampliar a desigualdade e fragilizar os direitos dos cidadãos. “O juiz do trabalho precisa ter sempre em mente que, por trás da força de trabalho, existe uma pessoa. Cabe a ele cumprir a lei que deve dar um mínimo de proteção para essas pessoas que já entram numa disputa desigual”, enfatizou.
Geração de empregos
Com posição mais confiante, Márcio Pochmann defendeu que o desenvolvimento tecnológico não significa, necessariamente, aumento do desemprego. A seu ver, o que determina a criação de empregos são as politicas de distribuição de ganhos da produtividade, que, quando ausentes, gera a supressão de postos de trabalho. “Países como Alemanha e China não têm problemas com a tecnologia, e lá o desemprego está abaixo dos 4% da força de trabalho”, observou.
Em contrapartida, Pochmann argumentou que, no Brasil, um de cada três trabalhadores está fora do mercado de trabalho, e isso não está diretamente ligado à tecnologia. “É reflexo da ausência de crescimento econômico, que inibe a possibilidade de geração de emprego. A tecnologia é fundamental para proporcionar aumento de produtividade, e a redistribuição desses ganhos permitiria ampliar os postos de trabalho com jornadas menores e salários mais adequados”, ponderou.
Reflexão
Para o ministro Vieira de Mello, que presidiu os trabalhos, o tema debatido é de extrema importância, pois se alinha com os quatro eixos da nova grade curricular do curso de formação, que são Ética, Resolução de Conflitos, Alteridade e Direito e Sociedade. “As visões diferentes estimulam nossa reflexão, pois auxiliam na construção pessoal e intelectual de cada um. A capacidade de ver o diferente no mundo promove transformações”, afirmou.
Sustentabilidade no Poder Judiciário
Dando sequência às atividades, os juízes assistiram à aula ministrada pela assessora de Gestão Sociambiental do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ketlin Feitosa, com o tema “Sustentabilidade no Poder Judiciário”. Em seguida, o professor Ricardo Antunes, da Universidade de Campinas (Unicamp), falou sobre os impactos da tecnologia no mundo do trabalho.
“Tecnologia e Sustentabilidade” foi o assunto do laboratório de Direito e Sociedade coordenado pelos juízes Maria de Nazaré Rocha (TRT8), Flávia Moreira Pessoa (TRT20) e Hermann Hackradt ( TRT 21).
(AS/CF)