As aulas do 25º CNFI se encerram no dia 13/9
Psicodinâmica do trabalho, assédio moral organizacional e hora do acidente de trabalho foram os eixos de debate da aula dessa terça-feira (10) no 25º Curso Nacional de Formação Inicial (CNFI), que contou com a participação dos juízes do trabalho Leonardo Wandelli, do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR) e Alexandre Aliprandino, da 2ª Região (SP), e da psicóloga Laura Pedrosa Caldas, da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). O curso é realizado pela Escola Nacional de Magistrados do Trabalho (Enamat).
Adoecimento
Ao abordar a psicodinâmica no mundo do trabalho, o juiz Leonardo ressaltou que, embora o trabalho possa ser um fator de adoecimento, é muito mais provável gozar de saúde mental quando se está trabalhando. “As ciências do trabalho, como a psicodinâmica, são essenciais para que nós, juízes, possamos compreender o que é o trabalho”, observou. “Precisamos saber como viver e como vivenciar o trabalho. Estamos sujeitos às exigências sociais e de comportamento. Não basta sentar na cadeira e se tornar juiz”.
Hora do acidente de trabalho
O juiz Alexandre Aliprandino apresentou resumo da sua tese de doutorado, em que faz um comparativo entre a jornada normal de trabalho e a extraordinária e um levantamento sobre em qual momento os acidentes de trabalho são mais recorrentes. Segundo a pesquisa, as estatísticas comprovam que os acidentes ocorrem com mais frequência durante as horas extras. Para o juiz, uma forma de diminuir essa realidade seria a adoção de boas práticas. “É preciso desenvolver uma cultura organizacional que contemple tanto o aumento da produtividade quanto um processo de educação voltado para a segurança”, sustenta.
Assédio moral organizacional
Laura Caldas chamou a atenção para o fato de que, muitas vezes, o assédio moral organizacional decorre de um modelo de gestão que favorece situações de violência no ambiente de trabalho. A implementação de rankings de produtividade, a competitividade exacerbada e o não reconhecimento do trabalho são, a seu ver, “um campo fértil para o adoecimento psíquico dos trabalhadores”. Ela ressalta que é importante que o juiz consiga identificar as empresas que promovem relações profissionais saudáveis. “Uma empresa que, por meio do seu código de ética, repudia toda e qualquer forma de violência deve ser analisada e julgada de forma diferente das que favorecem uma condição de trabalho adoecedora”, assinalou.
O ministro Hugo Scheuermann, que presidiu os trabalhos, observou que é preciso mudar a “coisificação” das pessoas e valorizar o trabalho e a saúde dos envolvidos. “Não é possível mensurar o trabalho somente pela quantidade, mas também pela utilidade e pela qualidade”, afirmou. “É preciso estar atento às possibilidades de adoecimento no ambiente de trabalho e sensibilizar o magistrado para os sintomas relacionados com a atividade judicante”.
Magistratura como profissão
Na parte da tarde, os juízes participaram do painel “Magistratura como profissão: O magistrado e a Previdência”, ministrado pelo juiz Carlos Alberto Pereira de Castro, do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (SC). Na sequência, foi ministrado o laboratório “Adoecimentos na magistratura e gestão de carga de trabalho”, coordenado pelos juízes tutores Maria de Nazaré Rocha (TRT8), Flávia Moreira Pessoa (TRT20) e Hermann Hackradt (TRT21).
(AS/CF)