O tema estimula reflexão sobre cenário econômico e geração de emprego
Os economistas Márcio Pochman e Eduardo Moreira participaram nesta quarta-feira (23) de aula do 24º Curso Nacional de Formação Inicial (CNFI), promovido pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho (Enamat). Os temas em discussão foram os impactos causados pelo avanço tecnológico no mercado de trabalho mundial.
Mundo 5.0
Eduardo Moreira chamou a atenção para a revolução tecnológica que estamos vivendo, o chamado “mundo 5.0”, e como isso implica, necessariamente, uma mudança no cenário econômico e nas relações de trabalho. “Recentemente, de 10 negócios feitos na bolsa de valores americana, somente um foi desenvolvido pelo ser humano. Infelizmente, estamos formando uma geração de inúteis”.
Na sua avaliação, a revolução tecnológica retirará das pessoas sua função no processo de geração de riqueza. “Como elas sobreviverão e que tipo de proteção terão?”, indagou. As máquinas, segundo ele, viraram trabalhadores em potencial. “Fica então o questionamento de como será o futuro do trabalhador no momento em que ele se torna inútil no processo produtivo”.
Cenário econômico
Com posição mais confiante, Márcio Pochman defendeu que o avanço tecnológico não significa, necessariamente, geração de desemprego. A questão, a seu ver, está na maneira pela qual a sociedade regula as oportunidades criadas pela tecnologia. “As recentes mudanças tecnológicas atingiram empregos de maior qualificação”, afirmou. “Países como Alemanha e China não têm problemas com a tecnologia, e lá o desemprego está abaixo dos 4% da força de trabalho”.
Em contrapartida, o economista lembrou que, no Brasil, um de cada três trabalhadores está desempregado, e isso não está diretamente ligado à tecnologia. “É reflexo da ausência de crescimento econômico, que já dura mais de seis anos e inibe a possibilidade de geração de emprego para todos”, ponderou.
Reflexão
Para o ministro Vieira de Melo, que presidiu os trabalhos, as visões diferentes sobre o tema estimulam a reflexão. “Essa capacidade de ver a diferença no mundo promove transformações. Precisamos trabalhar com as diferenças para a construção do todo. Se o ser humano se tornar inútil, precisamos estar atentos para que tipo de proteção terá esse trabalhador pensar sobre como construir essas proteções”, afirmou.
Teoria e Prática
Complementando as atividades, o ministro Cláudio Brandão, do TST, ministrou aula sobre os impactos da tecnologia na prática do juiz, e a assessora de Gestão Socioambiental do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Kettin Feitosa, falou sobre a sustentabilidade no Poder Judiciário.
Os juízes participaram ainda do laboratório de Direito e Sociedade sobre o mesmo assunto, sob a supervisão das juízas Maria de Nazaré Rocha (TRT8) e Flávia Moreira Pessoa (TRT20) e do juiz Hermann Hackradt (TRT 21).
(AS/CF)