O que o alemão Bach e o baiano Gerônimo têm em comum? Em princípio, nada, diria o leitor que não pôde acompanhar pelas redes sociais da Escola Judicial a cobertura do 7º Encontro da Magistratura Trabalhista do TRT da 5ª Região, realizado entre os dias 6 e 10 de agosto no Hotel Quality São Salvador. Quem esteve por lá, no entanto, sabe que as composições de ambos marcaram presença no evento, iniciado com a sofisticação da Orquestra Sinfônica da Bahia, sob o comando do maestro Carlos Prazeres, e encerrado com a energia percussiva da Banda Didá. Unindo essas duas pontas de diversão e arte, o Encontro apresentou uma programação diversificada de palestras, oficinas e debates jurídicos ao longo de uma semana movimentada.
Já na abertura, a homenagem aos trabalhadores terceirizados do TRT5 evidenciava um dos objetivos da atual gestão da Escola Judicial: orientar suas diversas ações por uma perspectiva mais reflexiva e humanística. “O trabalho que atual gestão da Escola Judicial da 5ª Região pretende e vem tentando desenvolver é marcado por premissas distintas. Dentre elas, o compromisso em seguir com esse novo juiz, com a responsabilidade de levar a diante uma proposta educativa com conscientização humanística e até metafísica, com uma melhor formação social e moral, de longa trajetória, além do desejo de inovar com excelência”, defendeu a diretora da Escola Judicial, desembargadora Margareth Costa, em seu discurso de abertura do evento.
Os temas pautados para os cinco dias de Encontro da Magistratura, por sua vez, seguiram materializando a intenção da Ejud5 de ampliar o escopo dos debates jurídicos contemporâneos. Neste sentido, um dos destaques foi o painel “Discriminação racial no ambiente de trabalho”, mediado pelo juiz Anderson Rico, que contou com as participações de Patrícia Lacerda, oficial de projeto da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e de Cléia Costa, Mestre em Políticas Sociais e Cidadania – duas mulheres negras ocupando um espaço de saber e desenvolvimento profissional ainda majoritariamente negado a este público.
Nomes importantes da comunidade jurídica, como os advogados Lênio Streck e Elpídio Donizeti, estiveram presentes e fizeram apresentações elogiadas pelos participantes; e a polêmica Reforma Trabalhista pautou os trabalhos das oficinas realizadas no segundo dia de evento. Divididos em quatro turmas, os magistrados puderam trabalhar diversos temas sob a perspectiva da Lei nº 13.467/2017. A importância das relações institucionais no âmbito da Justiça laboral também foi explorada em um painel que arrancou elogios da juíza Ligia Mello Olivieri, da 22ª vara do trabalho: “Muito salutar o debate institucional trazido pela Escola Judicial neste ano; a Reforma Trabalhista é uma realidade e as instituições têm que se unir, para que possamos combater o nosso enfraquecimento”, afirmou.
No momento mais introspectivo da semana, os magistrados foram convidados a ponderar sobre “Arbítrio e arbitrariedade”, tema abordado pelo palestrante Cláudio Sinotti, especialista em Terapia Junguiana. A sucumbência recíproca no processo do trabalho e os direitos fundamentais na contemporaneidade foram alguns dos assuntos também tratados durante o 7º Encontro, que se encerrou com uma palestra sobre os desafios da ética para a magistratura trabalhista, conduzida pelo Doutor em Filosofia José Rodrigo Rodriguez. Por fim, a espontaneidade deu o tom do fechamento da semana: ao som de clássicos da música afro-baiana, alguns dos magistrados presentes ao fim do Encontro demonstraram suas aptidões musicais participando descontraidamente do show de encerramento.
Fonte: Escola Judicial do TRT5